Por Nilva Marcandali
RESUMO
A prática de uma religião inspira o comportamento daqueles que estão comprometidos com ela. O adolescente em seu processo de desenvolvimento procura identificações para formar sua identidade, normalmente em grupos de amigos afins. Esta pesquisa tem como objetivo saber se a cultura da religião pode favorecer de maneira saudável este adolescente, ao participar de cultos religiosos ou grupos inseridos na igreja. Assim, transformando-o em um adulto ético, comprometido com a sociedade e consigo mesmo. Para isto, buscou-se embasamento em bibliografia da psicologia do adolescente, bem como, pesquisa de campo com adolescentes inseridos no meio religioso. Foram realizadas cerca de 50 entrevistas. A maioria dos entrevistados afirmou sobre o bem-estar e sobre as transformações positivas que ocorreram em si próprios e no meio que vivem. Os grupos religiosos mostraram-se positivos como instrutores e apoiadores neste processo de auto-valorização, solidariedade e fraternidade.
Palavras-chave: religião, adolescente, grupos, identidade, fraternidade.
INTRODUÇÃO
A prática religiosa é um exercitar de valores, ética e solidariedade ao próximo, bem como, a busca do autoconhecimento e valorização de si mesmo. Conceitos são embutidos e crescem paralelamente aos processos cognitivos, formando o indivíduo em sua subjetividade.
As sociedades, freqüentemente, desenvolvem normas de comportamento com a finalidade de se precaver contra o inesperado, o imprevisível, o desconhecido e de se estabelecer certo controle sobre as relações entre o homem e o mundo que o cerca (MARCONI E PRESOTTO, 1992:163-164 apud Oliveira, 2008).
Novos traços da organização familiar deste novo milênio e toda complexidade para inserção social do adolescente traz problemáticas de conflito interno, “uma vez que, é entre os adolescentes inseridos neste contexto que a problemática das atuações dramáticas vem ganhando largo espaço (...) onde vigoram a violência, a insegurança e o atravessamento de uma dimensão traumática sempre presente na ocasião da adolescência”. (SAVIETTO, 2007: 439-440)
O adolescente, na busca de sua identidade começa a confrontar suas crenças, tentando adaptá-las ao que acredita ser bom para ele. Podemos então entender, que há uma reconstrução de si sob um ponto de vista temporal e pessoal. Novos interesses, um novo olhar e mesmo novos grupos sociais, ou seja, um novo meio integrando esta subjetividade e transformando-a.
Objetivos
Verificar, de que maneira, os princípios religiosos contribuem para que o adolescente construa valores para uma vida pessoal e social satisfatória.
Verificar como o adolescente poderia desenvolver sua subjetividade em bases sólidas, através do conhecimento e prática dos princípios religiosos, respeitando a si próprio e ao próximo.
Levantar dados sobre o quanto a religiosidade beneficia o desenvolvimento do adolescente, para tranformar-se em um adulto saudável, física e emocionalmente.
CONCLUSÃO E CONSIDERAÇÕES FINAIS
Em meio ao processo de “adolescer” (SAVIETTO, 2007), o adolescente questiona-se sobre sua identidade e sozinho não possui condições de construir sua subjetividade. Necessita de direcionamento mínimo para fazer suas próprias escolhas.
A maioria dos adolescentes está em constante desacordo com os valores familiares, porém, nem mesmo sabe quais são os valores que pretende seguir. Entretanto, o desacordo faz parte do processo conflitante da evolução e busca da sua subjetividade. Portanto, neste conflito com sua família, o adolescente vai em busca de algum grupo de amigos que o compreendam e o aceitem.
Neste novo grupo ele vai encontrar, através da identificação, seus novos direcionamentos. Até mesmo a estereotipia, ou seja, o padronismo que acontece em grupos de jovens, como vestir-se, falar gírias próprias, escutar as mesmas músicas e ir aos mesmos lugares - são maneiras do jovem firmar-se e encontrar segurança para a busca de sua subjetividade.
Neste sentido, a preocupação dos pais em estimulá-lo a freqüentar locais que propiciem o encontro com grupos positivos, por exemplo, grupos envolvidos com arte, esporte, estudo ou religioso, é importantíssima, pois assegura que o adolescente depare-se com valores e códigos de conduta que serão benéficos para seu desenvolvimento e para sua vida adulta.
Comportamentos são modificáveis. Quando confrontados com interações sociais novas podem sofrer transformações radicais, promovendo ajustamentos e alterações na subjetividade.
Com base no que foi pesquisado, a religião é um dos meios pelo qual o homem busca, em todos os tempos, às vezes com mais ou menos intensidade, encontrar respostas para as questões básicas da razão da sua existência.
Portanto, a religião é uma das alternativas neste encontro consigo mesmo.
Ao freqüentar um grupo de alguma comunidade religiosa, grupo este que costuma ser voltado à busca de valores morais e sociais, pode beneficiar o adolescente a construir sua subjetividade com princípios positivos e benéficos a si mesmo e àqueles a sua volta.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
DURKHEIM, Émile. As formas elementares da vida religiosa. 2ª edição. São Paulo: Paulus, 1989. 526p.
FIGUEIRA, S.A. O “moderno” e o “arcaico” na nova família brasileira: notas sobre a dimensão invisível da mudança social in FIGUEIRA, S.A. (Org.) Uma nova família? O moderno e o arcaico na família de classe média brasileira. Rio de Janeiro: Jorge Zahar,1987.
MARCONI & PRESOTTO (1992:163-164) apud Maria Marta A. de Oliveira. Religião e Magia in Apostila de Antropologia. São Bernardo do Campo: UNIBAN, mar. 2008.
MARCONI, Marina de Andrade; PRESOTO, Zélia Maria Neves. Antropologia: uma Introdução. São Paulo: Atlas, 2005.
MOUSSEN, Paul. Desenvolvimento psicológico da criança. Traduzido do original: The psychological development of the child. Nona edição. Rio de Janeiro: Zahar, 1980.
SAVIETTO, Bianca Bergamo de Andrade. Passagem ao ato e adolescência contemporânea: pais “desmapeados”, filhos “desamparados” in Revista Latino americana de Psicopatologia fundamental. Órgão oficial da Assoc. Univ. de Pesquisa em Psicopatologia Fundamental. Vol.X. n.3. Setembro/2007. p.395-576.
TURNER, Jonathan H. Sociologia - Conceitos e Aplicações. São Paulo: Makron Books, 2000. 253p.
São Bernardo do Campo, 2008.